sábado, 29 de maio de 2010

Amigas até à morte


Sofia e Marisa, duas melhores amigas, que gostavam de coisas ligadas a espíritos e a feitiços, tendo ouvido falar muito de um livro de capa preta, decidiram comprá-lo numa papelaria normal.
Estavam curiosas de o ler, embora houvesse algumas recomendações a ter em conta, durante a sua leitura. O livro parecia normal, apenas o seu conteúdo, contendo alguns títulos nojentos e materiais bisarros a utilizar, faziam-nas ficar um pouco com o pé atrás quanto a experimentar fazer algum dos feitiços lá decritos. Liam-no quase todos os dias nas partes que lhes interessavam, até que encontraram um que lhes parecia relativamente fácil de fazer e estando a noite de Sao Joao a aproximar-se, pois devia ser escolhida essa noite, decidiram pôr mãos à obra. Passaram para papel a ladainha dos anjos que tinham de dizer e arranjaram lanternas para que enquanto andassem pudessem ler a mesma.
O dia chegou e pediram aos pais se podiam ir ver os festejos, ao que lhes responderam que sim mas que não viessem tarde para casa. Estavam a ficar ansiosas e ao mesmo tempo com medo, a igreja da aldeia tinha sido construída por cima de um antigo cemitério e não tinha luz da parte de trás da mesma por causa dos terrenos que ficavam super inclinados e altos.
Elas leram a ladainha algumas vezes para não se enganarem e agora tinham de dar duas voltas à igreja e no fim bater na porta da mesma, ao que lhes iríam perguntar, quais seriam os três desejos a realizar. Não parecia muito complicado, o feitiço apenas tinha um aviso, para que em caso algum olhassem para trás durante as voltas. Se iria resultar ou não e se uma voz vinda sabe-se lá de onde lhes falasse, isso só iriam saber quando fizessem tudo o que vinha escrito, estavam também a pô-lo a prova, de certa forma.
As duas amigas lá se juntaram meia hora antes no átrio da igreja e quando faltavam quinze minutos, começaram(foi assim que calcularam mais ao menos o tempo que iam demorar a fazê-lo até chegarem as doze badaladas da meia noite).
Lado a lado, papeis numa mão e lanterna na outra, começaram a dizer a ladainha bem alto e a seguirem em frente. Quando começaram a passar por trás da igreja arrepiaram-se todas pois ali naquela parte, quase sem luz, o medo apoderava-se mais delas e o coração palpitava a toda a força. Não se podiam enganar a ler e acelararam o passo para passar depressa. Então, quando davam a volta começaram a ouvir barulhos nas ervas, podiam ser cigarras ou cobras, lagartos...e assim que voltaram a ter a luz dos candeeiros começaram a ver sombras a fugirem no chão. Estavam a ficar tremendamente assustadas e a concentração estava a falhar. Sofia parou ao ouvir um estalo ao lado dela e a Marisa olhou para ela e acenou-lhe para continuar. As sombras agora rodavam num circulo no chão, à sua frente, eram tao rápidas que nem conseguiam contá-las, ao se aproximarem voltavam a fugir.
Estavam agora a começar a segunda volta e por mais que as pernas tremessem não podiam parar, dizíam elas nas suas cabeças. Estavam a ”entrar” outra vez na parte escura e ouviram um respirar ofegante que parecia de animal. Parecia um cão que ali estava algures escondido e elas pararam a olhar para todos os lados. Sofia baixou-se e pegou numa pedra que atirou para a frente na esperança de o assustar. Não havia por ali que soubessem, cães abandonados que fizessem mal às pesssoas. Deixaram de ouvir o respirar do cão.
Continuaram, tendo Sofia avançando primeiro, tomando coragem. Nisto, algo parece ter agarrado a perna de Marisa que cai no chão e começa a gritar. Sofia que não podia olhar para trás, gritou também assustada e começou a correr atirando com o papel e agarrando a lanterna com toda a força, para sair dali. Deu a volta e saiu do recinto da igreja, só aí olhou para trás e começou a gritar pela amiga que não via. Tinha tanto medo que não conseguia aproximar-se mais. Gritou, gritou e gritou chamando por ela, já com as lágrimas ns olhos. Os vizinhos começaram a vir ver o que se passava à janela. Sofia então vendo as luzes das casas a ligar-se e as figuras das pessoas a notarem-se por trás das janelas, observando-a, decidiu correr o mais que podia para casa. Correu desesperada, sem saber o que ía dizer quando chegasse a casa. Tocou à campainha da sua casa, tentou controlar os soluços e limpou as lágrimas depressa. O pai abriu-lhe a porta e perguntou se a noite já tinha acabado e ela disse que sim. Disse que já tinha comido qualquer coisa e foi direita ao quarto para dormir que estava cansada. Abriu a porta do quarto, acendeu a luz com medo de estar alguma coisa dentro dele e olhou para todos os recantos do mesmo, fechando a porta à chave. Sentou-se toda encolhida na cama, agarrando com toda a força os joelhos e olhando de novo em volta começou a chorar a pensar na Marisa. O que lhe teria acontecido, será que estava bem, será que apenas tinha caído e assustou-se também, tendo fugido apavorada sem dizer nada? Sofia ficou toda a noite acordada a pensar nisso, nem o cansaço de tanto chorar, nem o cansaço das horas todas a passar a conseguiram fazer dormir.
No outro dia, de manhã cedo, o pai de Marisa ligou lá para casa e perguntou se ela tinha dormido lá pois não tinha voltado para casa, a mãe de sofia disse que não e chamou-a para vir ao telefone. Sofia disse que a tinha deixado na festa com uns amigos, pois tinha de voltar mais cedo para casa e ela não queira já ir também. Mentiu com todo os dentes que tinha na boca e com a mão no telefone a tremer, desligou-o e saiu a correr dizendo que estava com pressa. Teve medo de ir a casa dos pais de Marisa, iríam fazer imensas perguntas e não sabia o que dizer. Chegou perto da casa dela e viu os pais na rua a falarem cm dois vizinhos, com ar muito preocupado e a falarem alto. O pai de Marisa fez sinal ao carro de políca para pararem ali e assim que os dois agentes sairam do carro, sofia com medo que a vissem começou de novo a correr. Desta vez ía a igreja ver se via alguma coisa. Demorou um pouco a chegar porque abrandou a corrida para não parecer algo suspeita e quando lá chegou viu o sacristão. Ele abriu a porta da igreja, para quem quisesse ir lá rezar e deixar ofertas e começou a dar a volta por onde Sofia e Marisa tinha ido. Sofia ficou a vê-lo um pouco afastada e nisto ela ouviu um grito: ai Meu Deus! Não conseguiu ficar quieta e correu para lá a ver o que tinha acontecido. Chegou ao pé do sacristão e à frente dele estendido no chão, estava o corpo de Marisa, completamente branco, da cor da cal e com a cara horrível. Estava com os olhos esbugalhados e a boca escancarada como se tivesse levado um susto de morte, o cabelo despenteado parecia colado ao rosto dela!... O sacristão foi bater na porta de um vizinho ali perto para que chamasse a polícia pois não trazia consigo o telemóvel. Sofia permanecia imóvel junto do corpo de Marisa,chorando com as mãos a taparem-lhe a cara. Chegou a políca passado algum tempo, eram os mesmos que pararam na casa dos pais de marisa e vinham também acompanhados com eles. A mae de Marisa saiu do carro anda nem ele tinha acabado de para completamente e correu a chorar a ver se era realmente a filha querida que tinham encontrado. O pai aproximou-se também e choraram os dois abraçados. Sofia olhou para eles e decidiu sair dali, pois o medo de ser questionada voltou a aparecer e já não conseguia mais ficar ali vendo a melhor amiga morta no chão por causa do que fizeram.
O tempo passou e não conseguiram apurar o que se tinha passado, Sofia permaneceu calada e dizia que não sabia de nada, mantendo a mesma versão de que tinha deixado Marisa na festa. Um dia, depois de muitos domingos passados aquando a morte de Marisa, Sofia foi à missa com os seus pais e claro, viu o sacristão. Este fez-lhe sinal para ir ter com ele sem que os pais dela vissem e ela foi dizendo que ía ali ver uma coisa já vinha, lá foi. O sacristão mostrou-lhe então duas folhas escritas, quer eram as folhas levadas naquela noite com as ladainhas dos anjos e perguntou-lhe se a letra de alguma delas lhe pertencia. Ela toda a tremer olhou e reconheceu a letra dela e de Marisa, pôs a mão na boca para se tentar conter e o sacristão, perguntou-lhe se sabia o que aquilo era. Ela disse-lhe que sim mas ele voltou a insisitir. Ela disse-lhe que sim novamente e que nao sabia o que havia de dizer mais. O sacristão disse-lhe então que conhecia muito bem aquele livro e que tal continha bem e mal, não representando perigo nenhum a não ser para quem o usasse para o mal. Disse-lhe que elas tinham sido muito imprudentes ao fazer aquilo e que a culpa do que tinha acontecido era de ambas. Disse-lhe que não iria contar nada porque não lhe queria causar mais problemas do que os que já tinha de consciência de certeza e que muita gente não iría nunca acreditar no que tinha acontecido. Mas que nunca nunca mais voltasse a usar o livro ou sequer a lê-lo. Sofia ficou de tal maneira perturbada que já não foi a missa e voltou para casa.
Os pais quando chegaram a casa foram ver se ela estava no quarto. Bateram a porta mas ninguém respondeu, tentaram abrir a porta mas estava trancada por dentro. Então achando que alguma coisa podia ter acontecido tentaram arrombar a porta mas sem sucesso. Voltaram a chamar várias vezes chamaram por Sofia mas nada... O pai foi buscar um machado que tinha na garagem e tentou partir a porta. Incrivelmente o machado partiu-se no cabo assim que tocou na porta e nao conseguiram. O pai ficou com a parte do pau na mão e olhou para a lâminha no chão. Olhou de seguida para a mãe de sofia e esta soltou um grito. Ambos pensaram, o que era aquilo!Meu Deus, parece bruxedo...O pai desesperado começou então a dar pontapés e encontrões na porta mas esta nao cedia. Decidiram então tentar entrar pela janela do quarto e foram buscar uma escada. O pai de Sofia subiu na escada enquanto a mãe a segurava. Chegou a janela do quarto e espreitou. Foi entao que viu as paredes do quarto cheias de sangue e a Sofia deitada no chão por trás da cama, dali só conseguia ver as pernas dela,como é que ela estaria? O pai partiu a janela com a camisola que trazia enroalada na mão e entrou, agarrou na Sofia e virou-a para ele. Estava completamente desfigurada de cara, tinha os dentes partidos, estava cheia de sangue e os osssos da cara saiam-lhe partidos para fora. Os olhos estavam abertos e ensaguentados. O corpo dela parecia que se desconjuntava todo. O corpo dela tinha sido empurrado contra todas as paredes do quarto, para a direita para a esquerda, para cima para baixo! Havia sangue a escorrer nelas, nalgumas partes parecia sangue esfregado em várias direcções, como se o corpo dela fosse um brinquedo leve que se pudesse manusear facilmente.

2 comentários:

  1. Olá Bela,
    Obrigada por sua visita no meu cantinho. estou te seguindo. Com calma vou lendo outros textos teus. Mas esse aqui é muito interessante, fiquei com vontade de ler mais ... o corpo ensanguentado parecido com brinquedo que muito foi manipulado e (me conta mais)....? beijos minha flor!!!

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  2. oi, obrigado pelo comentário:) Só hoje consegui rever este texto e emendar alguns erros lol acho que agora está mais bem escrito! Ainda bem que gostou:) beijocas

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